Antes de abordar o tema vale um alerta ao leitor: não estudei economia (graças a Deus, deve ser muito chato). Fiz Letras mesmo. É menos matemático, muito mais lírico, no entanto com tantas variáveis quanto. Porém, certamente há muito mais mulheres no curso, o que adorna o ambiente e serve de colírio para as vistas cansadas...
Vamos ao ponto: ouço muita gente dizendo que os serviços médicos custam caro. Não concordo. Acho que são os outros serviços é que são muito baratos. Note que estou falando de serviços e não de produtos, pois esses são outro conto.
Deixando claras as ressalvas, vamos aos fatos. Quando um médico gasta 5 minutos com um paciente e descobre o que o pobre diabo tem, na verdade esse tempo é apenas uma ponta do iceberg. Porque de fato o “dotô” estudou vários anos para ser capaz de fazer isso. Nada mais justo que seja valorizado pelo seu trabalho. Até ai tudo bem. Acho que todo mundo concorda. No entanto, o critério de valorização do trabalho alheio nem sempre é aplicado quando se trata de outras profissões.
Vai um exemplo da minha área. Sempre me dizem impropérios como “Você poderia me dar aula de italiano, né?”, “Claro, o preço é X uê” respondo sem pudor, e o gaiato desiste...
Outro, mais grave porque é uma exploração velada, alguém chega para um profissional de Educação física e diz: “Tô precisando melhorar minha série, o que você sugere?”. Parênteses: Tá bom! Dou a mão a palmatória. Já fiz isso (Perdoe-me gentil amiga Dinorá, e depois mande a factura...) mas percebi o erro.
Um exemplo de trabalhadores considerados “sem qualificação”. Um pedreiro que cobre R$ 150,00 por dia pode ser considerado “caro”. Mas mesmo sem ter estudado o sujeito que fica no sol encima de uma laje ou agachado o dia todo assentando cerâmica não deveria ter seu trabalho mais valorizado?
Sociedade hipócrita a nossa! Valoriza só uma ponta do mercado de trabalho e esculhamba a outra (vide Bóris Casói) , como se não fossemos uma colmeia interligada. Porém, se todos ganhassem dignamente o dinheiro circularia mais e seria bom para todo mundo (Como na Europa e EUA). Por isso fica a campanha: não explore nenhum profissional e valorize o trabalho todos, por mais simples que possa parecer.
Viva a nação índia-achada-sem-caráter!
Viva a nação índia-achada-sem-caráter!